Além do ataque ao médico que estava em uma fazenda, há relatos de mortes de bovinos após mordidas de morcegos em Prainha.
O morcego hematófago pode transmitir o vírus da raiva (Foto: Lenito Abreu/Adapec)
municado de alerta foi emitido no início desta semana pela Coordenação Regional de Zoonoses, do 9º Centro Regional de Saúde da Sespa, para a Secretaria Municipal de Saúde do município de Prainha, no oeste do Pará, para adoção de medidas preventivas e investigação de ataques de morcegos a pessoas e animais naquela região.
Antes do envio de ofício à Semsa, a coordenadora regional de Zoonozes em Santarém, Elisângela Leal, já havia feito contato telefônico com o secretário de Saúde de Prainha, logo que tomou conhecimento da notificação de atendimento do médico Manoel Alvarenga, que foi mordido por morcego em uma fazenda naquele município, na madrugada do dia 19.
Segundo Elisângela Leal, são muitas as notificações que chegam à Sespa na região, mas um caso como o do médico que buscou atendimento em unidade de saúde por mordida de morcego foi o primeiro. “A secretaria de Saúde de Prainha deve adotar medidas de investigação do caso e também preventivas à raiva. Temos notícias também da morte de bovinos em Prainha por ataque de morcegos e já informamos à Adepará, que costuma ser parceira da Sespa em situações como essa. Já temos uma programação de visita ao município de Prainha para a primeira semana de junho”, informou.
Ataque ao médico
Ao G1, o médico Manoel Alvarenga, que atua em Santarém, relatou que acredita ter sido mordido por morcego na madrugada do dia 19, quando estava em uma fazenda dormindo. Mas só pela manhã, ao acordar é que viu no espelho um ferimento e um pouco de sangue em seu pescoço.
“Recordei-me que à noite ao acordar, tinha um morcego voando no quarto, mas que saiu quando percebeu o movimento que fiz. Ao perceber a gravidade do problema, pois o vírus da raiva transmitido pelo morcego é realidade nossa, voltei rapidamente a Santarém”, contou o médico.
Em Santarém, Manoel Alvarenga foi atendido pela médica Mariana Quiroga, no Hospital Municipal. Ele tomou soro e na segunda (21) tomou a vacina antirrábica. Disse ter tido febre e moleza no moleza no corpo.
“Fica aqui o alerta, nem todos os morcegos são hematófagos. Mas no interior, onde animais amanhecem mordidos, é ideal que usem mosquiteiros e que deixem a luz acesa. E caso aconteça a mordida de animais silvestres como morcegos, raposas, macacos, cachorros do mato ou mesmo cão e gato domésticos procurem o posto de saúde mais próximo o quanto antes”, alertou o médico.
Desequilíbrio ambiental
A agressão de morcegos hematófagos a humanos e animais tem sido maior, segundo Geovani Dourado, biólogo e coordenador do Laboratório de Entomologia da Divisa de Santarém, devido ao desequilíbrio ambiental. “Os morcegos hematófagos têm o hábito de procurar as suas vítimas sempre no momento em que as pessoas já estão repousando. O que a gente pede é para as pessoas se cercarem de cuidados, como fechar portas e janelas, não dormir em varandas, se possível telar área abertas entre a parede e o telhado, para não facilitar o acesso de morcegos”, disse.
Geovani Dourado, coordenador de Entomotologia da Divisão de Vigilância em Saúde de Santarém (Foto: Sílvia Vieira/G1)
Na região atendida por Santarém, Geovani disse que há algumas ocorrências de ataques a animais, uma vez que os morcegos hematófagos estão por todas as partes. Mas não tem nenhum caso de agressão a humanos, partindo de morcegos hematófagos. “O que tem chegado na Divisa são casos de agressão por morcegos que a gente considera residenciais. Ou seja, em que a pessoa foi mordida porque foi pegar um objeto, por exemplo, e não viu que o morcego estava perto e acabou sendo mordida. Mesmo assim, é importante fazer o tratamento porque qualquer morcego pode transmitir a raiva, independentemente de ser hematófago ou não”, observou.
Cuidados
Caso seja mordida por morcego, a vítima deve procurar imediatamente assistência médica, porque a raiva é uma doença letal na maioria dos casos. São raros os casos em que após o aparecimentos dos sintomas as pessoas sobreviveram, e as que sobreviveram tiveram sequelas. É importante iniciar o quanto antes o esquema de tratamento.
Portal do Oeste News
Por Sílvia Vieira, G1 Santarém, PA
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