Ex-vereador explicou como funcionava a contratação de chefes de gabinete e assessores, admitiu que ficava com salários de servidores e usava o dinheiro em projetos sociais, e confessou que pagou contas particulares com dinheiro público.
Trechos da delação premiada do ex-vereador Reginaldo Campos foram liberados pela Justiça nesta quinta-feira (1) e neles o investigado da Operação Perfuga explica como funcionava o esquema de contratação de assessores na Câmara de Vereadores de Santarém, no oeste do Pará, e o destino do recurso desviado dos salários de servidores. Ele admitiu que pagou conta com dinheiro público e usava os salários de servidores em projetos sociais.
O acordo de colaboração foi protocolado no dia 30 de janeiro pelo Ministério Público Estadual, mas o depoimento de Campos para os promotores de Justiça Rodrigo Aquino e Maria Raimunda Tavares ocorreu no dia 22 de janeiro de 2018, na sede do MPPA. O interrogatório foi acompanhado pela defensora pública Jane Amorim.
O interrogatório
Campos foi questionado pelos promotores sobre a contratação de chefes de gabinete para a Casa Legislativa, quantos o ex-parlamentar possuía e também quanto cada servidor recebia.
“A precisão era um, porém, o que acontecia no meu caso era um erro que nós avaliamos. O chefe de gabinete também tinha a função de assessoria especial, uma nomenclatura (...), e acabou acreditando que o chefe de gabinete podia atuar externamente como outros assessores. Então foi aumentado aos poucos. [O salário] era superior, R$ 4 mil do chefe de gabinete e dos assessores aproximadamente R$ 1.200”, contou.
Diferentemente dos demais vereadores, Reginaldo tinha mais de um chefe de gabinete. Questionado pelo MPPA, ele admitiu que isso foi um erro e confessou que recebia parte dos valores pagos aos servidores, perdendo o controle no cargo. “Foi uma falha que aconteceu, peço perdão por isso, por desorganização mesmo acabei fazendo isso, e, infelizmente é um erro. (...) eu iria ajudar outras pessoas”, explicou Campos.
O promotor Rodrigo Aquino questionou sobre as vantagens econômicas que ele tinha com o esquema. "Essas pessoas me repassavam a quantia – ficavam com uma parte e me davam a outra. Em alguns momentos sim, [eles me passavam a integralidade do dinheiro] quando havia a necessidade de fazer um pagamento, acontecia algumas vezes (...). Era para resolver algumas coisas, compromissos políticos. Começou pequeno, depois foi crescendo e eu não tive sabedoria, e me prejudicando”, relatou.
Durante as investigações do MPPA e Polícia Civil ficou comprovado que o ex-vereador ficava com parte dos salários de servidores. Reginaldo informou durante o interrogatório que gastava o dinheiro com coisas particulares como investimentos, viagens, pagamentos de passagens e carros.
Campos disse que não era questionado pelos servidores porque dizia que o dinheiro seria usado em projetos sociais, porém não prestava conta. O esquema teria iniciado em 2009. “Eu usava esse argumento. Na verdade a maioria era para isso mesmo, dar apoio”, disse Reginaldo.
Em certo momento da delação, Reginaldo Campos foi questionado sobre a atribuição constitucional de um vereador. Ele respondeu que é de fiscalizar o poder executivo e propor soluções para problemas do município, através de projetos de leis, requerimentos, e também disse que receber dinheiro dos servidores estava dentro dessas atribuições.
A promotora Maria Raimunda Tavares questionou também se Santarém não tinha a Secretaria de Assistência Social para que a pasta fosse responsável em receber as demandas levadas ao então vereador. Reginaldo relatou que as pessoas o procuravam na Câmara, mas, no período de 2015/2016 ele não fez requerimento a Semtras.
Port@l do Oeste News.
G1 Santarém.
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