Integrantes da cúpula do PT admitiram nesta quarta-feira (6) que o novo depoimento do ex-ministro Antonio Palocci poderá ter efeito devastador sobre o projeto político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além de desqualificar Palocci pessoalmente, dirigentes petistas usaram termos como "pá de cal" ou "dureza" para classificar o momento político após o novo depoimento.
Apesar de abalados com o teor das declarações de Palocci, petistas se preparam para desqualificar o que chamam de instituto da delação premiada, no qual, segundo eles, os delatores prestam depoimentos sob forte pressão após meses de prisão.
Ainda assim, petistas comparam a atitude de Palocci à do ex-ministro José Dirceu e à do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, que negam todas as acusações de que o PT é alvo.
O ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli afirmou, nesta quarta-feira (6), que não se lembra de referências a financiamento de campanha durante reuniões com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou com o ex-ministro Antonio Palocci.
Ao responder, por e-mail, se confirmava a existência de uma reunião descrita por Palocci, na qual teria sido orientado a arrecadar recursos para a campanha de Dilma Rousseff por intermédio da contratação de empresas para construção de sondas, Gabrielli afirmou que "a construção das sondas no Brasil era um projeto absolutamente estratégico, tanto para o desenvolvimento das descobertas do pré-sal, como para garantir a política de conteúdo nacional reerguendo a indústria naval brasileira".
"Como reconhece o próprio Palocci, as condições econômicas dos projetos eram muito estritas e não havia margem para outros pagamentos, conforme comprovado pelos empresários já ouvidos em outros inquéritos", disse Gabrielli.
O ex-presidente da Petrobras disse não recordar da conversa relatada por Palocci.
"Não me recordo nem da referência a financiamento de campanha em reuniões com o presidente Lula ou com o próprio Palocci".
O PT divulgou uma nota em que "rechaça as informações" prestadas pelo ex-ministro. "O depoimento se soma a outras tentativas da Força Tarefa da Lava Jato de tentar incriminar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem apresentação de provas, baseadas apenas em delações sem valor legal. Fica cada vez mais claro o caráter de perseguição política movida por setores da Justiça contra o PT", diz a nota, que não leva a assinatura da presidente do partido, Gleisi Hoffman, mas é creditada à Executiva petista.
Segundo a nota, Palocci já havia prestado depoimento e negado todas as acusações, "repetindo a estratégia de outros acusadores como Delcídio do Amaral e Léo Pinheiro, que voltaram atrás em seus depoimentos buscando a diminuição de suas penas, depois de permanecerem presos por um longo tempo".
"Mais uma vez, chama a atenção que essas acusações sejam feitas às vésperas de um novo depoimento de Lula ao juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba", acrescenta a nota.
E conclui: "O PT se solidariza com o ex-presidente Lula, que nos últimos anos teve sua vida devassada sem que houvesse sido encontrado qualquer vestígio de enriquecimento pessoal que manchasse sua biografia. O cerco a Lula se dá em um momento em que ele lidera todas as pesquisas de opinião para as eleições de 2018 e após o êxito de sua caravana pelo Nordeste".
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